segunda-feira, 29 de junho de 2020

Como um filme argentino acabou marcando minha infância

Quando criei este blog, a minha intenção original era mesclar tanto coisas interessantes da TV dos anos 70/80/90 quanto lembranças minhas em relação à TV, já no século XXI. Este texto, finalmente ressuscitando este blog, se enquadra nesta última categoria, trazendo à tona memórias de uma criança dos anos 2000.

08 de outubro de 2005, sábado à tarde. Meu eu de 8 anos geralmente estaria acessando uma jurássica internet discada (sempre era apenas no fim de semana). Mas provavelmente alguém da família estava usando o computador no meu lugar (não tenho certeza, minha memória não é eidética, a maioria das coisas aqui só sei porque pesquisei recentemente na internet), então o jeito era ver TV.
A televisão geralmente ficava ligada na Globo, e naquele dia estava passando futebol. Como não era um jogo do Flamengo, eu não estava interessado em assistir, então mudei o canal da parabólica do 1 (Globo) para o 2 (SBT). Estava passando um filme num estilo quase Roger Rabbit, com personagens em carne e osso contracenando com desenhos animados.
Tratava-se de "Dibu 2: A Vingança de Nasty" (sim, vi o segundo filme antes do primeiro). O filme me conquistou de cara, e lá ia eu pesquisar sobre na internet, querer locá-lo nas locadoras... e me frustrar por não ter o filme para alugar em locadora alguma.

Arte feita pelo SBT,
diretamente do site deles
Como citei antes, ainda não tinha visto o primeiro filme (que havia sido exibido pela primeira vez em janeiro, numa quinta, num horário onde eu provavelmente já estava dormindo). Eis que chega o dia 17 de dezembro, e a Globo finalmente decide passar na saudosa Sessão de Sábado (que não me apetecia na época por quase nunca passar filmes infantis, os quais eram mais comuns de aparecer na Sessão da Tarde) um filme que tinha curiosidade de assistir: "Um Herói de Brinquedo". Na hora do primeiro intervalo, decido zappear no SBT e, pra minha surpresa, eles estavam passando justamente "Dibu: O Filme". Não deu outra, deixei no SBT.

Imagem vinda do blog de Igor C. Barros
Minha vontade de poder rever esses filmes só aumentava, junto à minha frustração pelos mesmos nunca aparecerem nas locadoras.
Durante uma viagem em 2006, até cheguei a pegar o 3º filme (Dibu 3: A Grande Aventura) passando na HBO Family, mas já era na hora de voltar pra casa.
O filme estreou no SBT apenas em 2008, mas não cheguei a assistir (nem em sua segunda exibição, em 2009). Minha vibe era outra...

Apenas recentemente encontrei os filmes de novo na internet, primeiro no saudoso Minhateca (os três filmes) e, mais recentemente, numa pesquisa profunda pelo Google (apenas os dois primeiros). Mas antes de falar sobre os ditos cujos, é preciso falar sobre a série que deu origem aos filmes: Mi Familia es un Dibujo (esta, infelizmente não exibida pelo SBT).


Produzida pela Telefe (sim, a mesma da versão original de Chiquititas) em parceria com a Patagonik Film Group e estreada em 1996, a série conta a história do casal Pepe e Marce, os quais já tinham filhos oriundos de uniões anteriores. Grávida, Marce sente um enorme desejo de assistir desenhos animados. Na hora do parto, acaba nascendo não um bebê comum, mas um garoto com uma certa peculiaridade: ele é um desenho animado, batizado como Dibu (de 'dibujo', 'desenho' em espanhol). O garoto de traço e cor acaba sendo o protagonista de várias aventuras e travessuras, e causador de muitos problemas, entre eles a necessidade de escondê-lo da sociedade de carne e osso, algo similar ao clássico Alf.

O sucesso do seriado acaba rendendo um filme, produzido em 1997.


Esgotada pelas tensões da vida como dona de casa e mãe de quatro filhos, entre eles um desenho animado, Marce viaja com a filha Caro para os Andes, enquanto Pepe, os filhos Victor, Leo e Dibu, e o pai Atílio, ficam em casa.

Nesse meio tempo, surge em Dibu uma paixão por corridas de kart, herdando a paixão por carros do pai. Pepe, convencido pelo avô de Dibu, acaba inscrevendo o desenho (sobre o disfarce do irmão Leo) numa competição de kart (usando o dinheiro da pensão do ex de Marce), na qual seu principal rival é o bully Fernando (sacanagem, o vilão do filme tinha que ser justamente meu xará), que já vivia atormentando Leo.
Já não bastando isso, surge mais um desenho animado na vida de Marce: a bebêzinha Buji (ou Buguy, na dublagem dos dois primeiros filmes; e sim, o nome também vem de 'dibujo'). A bebê mal é apresentada à família e acaba desaparecendo, enquanto Caro estava tendo um encontro com um jovem que tinha conhecido na viagem.
A competição de kart e a procura por Buji, que, em certo momento da aventura, mesmo sendo resgatada pelo garoto Diego, acaba parando nas mãos do vilão do filme, guiam o decorrer da história, cruzando os caminhos dos personagens.

Com o êxito do filme, Buji acaba sendo incluída também no seriado, que durou até 1998, dando lugar à um spin-off, com um elenco diferente. É neste contexto que é lançado o segundo filme, também sem o elenco do seriado e do primeiro filme (com a óbvia exceção dos irmãos animados).



Neste filme, o vilão é Nasty, um desenho animado do mal que retorna com dois propósitos: roubar toneladas de caramelos que o possibilitam mudar de forma (o filme começa de cara com ele disfarçado de Dibu, assaltando à um banco), escondendo sua forma real de monstro; e sequestrar Buji, neta do Desenho Ancião, que o levou à cadeia seis anos antes.



Buji se esconde na casa da garota Jimena, mas acaba sendo encontrada por Nasty durante a história. Cabe a Dibu deter Nasty, com a ajuda de dois marionetes em tamanho real: um pirata e uma cigana.

Este filme possui uma essência bem mais Roger Rabbit que o primeiro, com um vilão-desenho com capangas ratos, e que possuia algo pra "apagar" seus semelhantes (se no blockbuster de 1988 era um caldo, aqui é uma caixa de borrachas famintas).


O spin-off da série acabou no mesmo ano em que começou. Mas, 4 anos depois, Dibu já estava de volta (e desta vez com o elenco da série original e do primeiro filme), em uma viagem ao espaço.
Misturando animação 2D, 3D e atores reais, neste filme, o garoto animado conhece o filho de um cientista num bate-papo virtual, e acaba embarcando em uma viagem para Marte, com o intuito de negociar a salvação da Terra com os habitantes de lá.
Infelizmente não cheguei a assistir este filme, então não posso explicar com detalhes.



A última vez que os três filmes chegaram a ser exibidos na TV brasileira foi no Telecine, em 2016. Desde então, os filmes dublados, que por um tempo se encontravam pra download no saudoso site Minhateca, acabaram se perdendo... parcialmente.
O primeiro filme encontra-se disponível no YouTube, podendo ser visto abaixo. E os dois primeiros filmes, sabendo procurar no Google ou até mesmo neste post do blog, podem ser encontrados.
Falta apenas o terceiro... (quem o tiver e puder me passar, meu e-mail tá na parte direita do blog, aceito tanto compra quanto troca.)

Tenho outras três memórias marcantes com filmes que conheci por meio do SBT: O clássico Você Já Foi à Bahia, também exibido em um 08 de outubro, só que em 2002; a desconfortável experiência de ter aprendido uma saraivada de palavrões (a qual já era advertida na chamada, que eu não levei a sério) ao assistir South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes, em 2004 (sorte minha que eu estava assistindo sozinho a este filme), e o antológico Moonwalker, exibido em homenagem a Michael Jackson (QUE É INOCENTE, LEAVING NEVERLAND É UMA FARSA) em duas ocasiões no ano de 2009 (e por alguns anos seguintes, até pelo menos 2014, sempre na semana do dia 25 de junho). Mas estas são histórias para outra hora.

Obrigado a todos pela leitura e até breve!

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