segunda-feira, 13 de julho de 2020

Outros filmes do SBT que marcaram minha infância - para o bem ou para o mal...

Em meu mais recente post neste blog, falei sobre Dibu, personagem de uma série de TV de sucesso na Argentina, que deu origem a três filmes de igual sucesso no país, e que passaram (meio que despercebidos) na telinha do SBT, cativando este que vos escreve.

Como citei no fim do post, houveram três outros momentos em que a emissora do homem do baú trouxe filmes que me marcaram mais que o comum. Neste post, falarei sobre estas três ocasiões.

Créditos: https://youtu.be/7W8bRz1bgzI

08 de outubro de 2002. Para a semana do Dia das Crianças, o SBT preparou, dentro do Cine Espetacular, a Sessão Dupla Disney, com os filmes Dumbo e Você Já Foi à Bahia?.
Já tinha assistido o primeiro filme antes, mas ainda não o segundo, que não se encontrava nas locadoras. Queria muito, mas muito poder assistir, só que havia um porém: o filme seria exibido numa terça-feira, depois das 10 da noite. Como tinha apenas 5 anos, não podia ficar acordado numa hora destas sem ser fim-de-semana. Ou seja: não pude assistir ao filme.
Mas, pra minha surpresa, meus pais gravaram o mesmo em VHS, e pude assisti-lo, não só no dia seguinte, mas praticamente todo dia, toda hora que quisesse, tradição mantida até nossa família vender nosso videocassete e jogar as fitas fora, lá por 2006.

O filme em si é dividido em segmentos, começando com Pato Donald abrindo uma caixa contendo três presentes, que acabam guiando o enredo do filme:


- Um projetor de cinema, onde Donald assiste um filme sobre aves raras da América do Sul (destaque para o amalucado Aracuã); incluindo duas histórinhas, a primeira sobre um pinguim que não gostava muito do frio e foge do Polo Sul rumo a Galápagos, e a segunda sobre um gauchinho que descobre um jumento voador;



- Um livro sobre o Brasil, onde, junto com Zé Carioca, Donald viaja até a Bahia. Participação de Aurora Miranda, irmã de Carmem Miranda, cantando Os Quindins de Iaiá;

- Uma piñata repleta de surpresas, entre elas um livro que leva Donald e Zé Carioca, junto com o galo Panchito, ao México.

Não são raras as ocasiões em que Donald se apaixona pelas garotas, tanto do Brasil quanto do México, rendendo um clipe surrealista no findar do filme.

Confesso que até hoje tenho dificuldade de entender algumas falas do Donald no filme, rsrs


Créditos: https://youtu.be/s5KVFtyjUvU
A história avança para janeiro de 2004. Não lembro o que eu estava assistindo no SBT, mas me deparo com a chamada de um filme em desenho animado com personagens que já tinha visto em algum lugar antes (provavelmente algum anúncio de TV à cabo em alguma revista, não sei). A chamada já alertava: Quer aumentar sua coleção de palavrões? Mas não achava que realmente ia rolar algo assim, na época achava que, por ser desenho animado, era pra crianças; e o canal passava a chamada nos intervalos de atrações family friendly e acessíveis para crianças.
Dia 30, noite de sexta-feira. Estava pousando na casa da minha vó, por sorte sozinho num quarto com TV, quando começa, na Tela de Sucessos, South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes. Nas próximas duas horas, me deparo com o maior arsenal de palavrões reunido em uma produção audiovisual na história (perdendo apenas para uma bela parte do cinema nacional, convenhamos).
E olha que os palavrões foram até amenizados na tradução do filme, mas mesmo assim ainda era pesado pra um piá de quase 7 anos que achava que 'droga' era palavrão...

No filme, Stan, Kyle, Cartman e Kenny, o quarteto principal do desenho, assistem a Bundas de Fogo, o filme de Terrance & Phillip. Mesmo indo pra diretoria por repetirem o linguajar aprendido com o filme na escola, eles acabam assistindo de novo, e decidem repetir uma das peripécias do filme: acender um peido com fogo. Kenny acaba, como sempre, morrendo por causa disso.

Isso acaba sendo o estopim para o movimento Mães Contra o Canadá (liderado pela mãe de Kyle), que leva Terrance & Philip para a prisão, onde são condenados à pena de morte, causando uma guerra entre os E.U.A. e o Canadá. Stan, Kyle e Cartman então lideram uma resistência contra o movimento das mães.

Enquanto isso, Kenny é mandado para o inferno, onde descobre que a execução da dupla canadense levará à ascensão de Satã (e seu namorado Saddam Hussein) ao mundo e, consequentemente, o apocalipse.


Um filme divertido para toda a família.
Em 2006, o SBT foi processado por um procurador por ter exibido mais de 120 programas inadequados para seus horários desde 2004. Entre eles, estava o filme do South Park. Classificado para maiores de 18, sua exibição só poderia acontecer após as 23h, mas o filme foi exibido a partir das 22h15, horário que, em uma noite de sexta-feira, era acessível para crianças.

Créditos: https://youtu.be/DREAoXtRO-I

Avançando mais no tempo, chegamos a 2009. No dia 25 de junho, o mundo perdeu Michael Jackson, o maior nome da música de todos os tempos. No dia seguinte, o SBT, em cima da hora, programou, para a Tela de Sucessos, o filme Moonwalker (até então, constava para ser exibido na sessão o filme No Balanço do Amor). Nesta época, eu praticamente assistia mais TV fechada do que aberta, principalmente canais infantis (incluindo, mesmo eu estando velho demais pra tal, o Discovery Kids - o desenho que eu mais gostava na época passava lá). O canal aberto que eu mais assistia era a Globo e, naquela noite, sem saber o que o SBT estava passando, estava assistindo ao Globo Repórter dedicado ao Michael. Apenas bem depois descobri que o SBT estava passando Moonwalker.
Entrei numa vibe Michael Jackson naquela época, e queria MUITO poder ver o filme. 
Eis que, no dia 28 de agosto, semana de aniversário do Rei do Pop, a atração do Cinema em Casa era, justamente, Moonwalker. Por sorte, soube com antecedência e pude, finalmente, assistir. O filme me fisgou do início ao fim, e lá ia eu querer vê-lo sempre. Desta vez, tinha uma aliada ao meu lado: a internet. Em uma lan-house (alguém ainda vai a uma destas pra outros fins que não sejam imprimir documentos hoje em dia?), compro um DVD virgem, baixo o filme em partes (infelizmente faltando algumas) do YouTube e gravo (unindo as partes) o filme na mídia. Mais um filme que vivia assistindo todo dia, assim como o Você Já Foi à Bahia anos antes; só que com a frustração de estar incompleto. Por sorte, em toda semana de 25 de junho até, pelo menos, 2014, o filme era reprisado pelo canal.

O filme tem vários segmentos (deleites para quem gosta de efeitos visuais em trucagem) antes da história principal em si começar: Uma apresentação ao vivo da música Man in the Mirror, uma retrospectiva musical da carreira de Michael, uma versão infantil do clipe de Bad, uma perseguição de fãs malucos ao som de Speed Demon e, por fim, o clipe de Leave Me Alone.

Na história principal do filme, Michael e seus amigos (um trio de crianças) são procurados pela patrulha de Mr. Big, um chefão de drogas, após os mesmos descobrirem o plano secreto do vilão: fazer todo o mundo se viciar em drogas, começando pelas crianças.
Após uma perseguição em que Michael se transforma num carro para poder escapar, ele adentra uma casa noturna, aonde ele interpreta a música Smooth Criminal. É neste clipe em que surge o antológico The Lean, a famosa inclinação em 45 graus.
Katie, garota amiga de Michael, acaba sendo sequestrada por Mr. Big, e cabe a Michael e seus amigos salvá-la.

Infelizmente, depois daquele documentário tendencioso cheio de furos (se vocês querem um documentário realmente confiável, assistam Square One), vai ser difícil o SBT passar Moonwalker de novo tão cedo (isto é, se a emissora ainda tiver os direitos de exibição do filme, claro).


Como pudemos ver, os anos 2000 foram uma época boa para se ver filmes no SBT, com um catálogo bem variado em suas sessões. Estes foram alguns filmes exibidos pela emissora que me proporcionaram experiências nostálgicas. Espero que tenham gostado, obrigado por lerem e até a próxima!

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Como um filme argentino acabou marcando minha infância

Quando criei este blog, a minha intenção original era mesclar tanto coisas interessantes da TV dos anos 70/80/90 quanto lembranças minhas em relação à TV, já no século XXI. Este texto, finalmente ressuscitando este blog, se enquadra nesta última categoria, trazendo à tona memórias de uma criança dos anos 2000.

08 de outubro de 2005, sábado à tarde. Meu eu de 8 anos geralmente estaria acessando uma jurássica internet discada (sempre era apenas no fim de semana). Mas provavelmente alguém da família estava usando o computador no meu lugar (não tenho certeza, minha memória não é eidética, a maioria das coisas aqui só sei porque pesquisei recentemente na internet), então o jeito era ver TV.
A televisão geralmente ficava ligada na Globo, e naquele dia estava passando futebol. Como não era um jogo do Flamengo, eu não estava interessado em assistir, então mudei o canal da parabólica do 1 (Globo) para o 2 (SBT). Estava passando um filme num estilo quase Roger Rabbit, com personagens em carne e osso contracenando com desenhos animados.
Tratava-se de "Dibu 2: A Vingança de Nasty" (sim, vi o segundo filme antes do primeiro). O filme me conquistou de cara, e lá ia eu pesquisar sobre na internet, querer locá-lo nas locadoras... e me frustrar por não ter o filme para alugar em locadora alguma.

Arte feita pelo SBT,
diretamente do site deles
Como citei antes, ainda não tinha visto o primeiro filme (que havia sido exibido pela primeira vez em janeiro, numa quinta, num horário onde eu provavelmente já estava dormindo). Eis que chega o dia 17 de dezembro, e a Globo finalmente decide passar na saudosa Sessão de Sábado (que não me apetecia na época por quase nunca passar filmes infantis, os quais eram mais comuns de aparecer na Sessão da Tarde) um filme que tinha curiosidade de assistir: "Um Herói de Brinquedo". Na hora do primeiro intervalo, decido zappear no SBT e, pra minha surpresa, eles estavam passando justamente "Dibu: O Filme". Não deu outra, deixei no SBT.

Imagem vinda do blog de Igor C. Barros
Minha vontade de poder rever esses filmes só aumentava, junto à minha frustração pelos mesmos nunca aparecerem nas locadoras.
Durante uma viagem em 2006, até cheguei a pegar o 3º filme (Dibu 3: A Grande Aventura) passando na HBO Family, mas já era na hora de voltar pra casa.
O filme estreou no SBT apenas em 2008, mas não cheguei a assistir (nem em sua segunda exibição, em 2009). Minha vibe era outra...

Apenas recentemente encontrei os filmes de novo na internet, primeiro no saudoso Minhateca (os três filmes) e, mais recentemente, numa pesquisa profunda pelo Google (apenas os dois primeiros). Mas antes de falar sobre os ditos cujos, é preciso falar sobre a série que deu origem aos filmes: Mi Familia es un Dibujo (esta, infelizmente não exibida pelo SBT).


Produzida pela Telefe (sim, a mesma da versão original de Chiquititas) em parceria com a Patagonik Film Group e estreada em 1996, a série conta a história do casal Pepe e Marce, os quais já tinham filhos oriundos de uniões anteriores. Grávida, Marce sente um enorme desejo de assistir desenhos animados. Na hora do parto, acaba nascendo não um bebê comum, mas um garoto com uma certa peculiaridade: ele é um desenho animado, batizado como Dibu (de 'dibujo', 'desenho' em espanhol). O garoto de traço e cor acaba sendo o protagonista de várias aventuras e travessuras, e causador de muitos problemas, entre eles a necessidade de escondê-lo da sociedade de carne e osso, algo similar ao clássico Alf.

O sucesso do seriado acaba rendendo um filme, produzido em 1997.


Esgotada pelas tensões da vida como dona de casa e mãe de quatro filhos, entre eles um desenho animado, Marce viaja com a filha Caro para os Andes, enquanto Pepe, os filhos Victor, Leo e Dibu, e o pai Atílio, ficam em casa.

Nesse meio tempo, surge em Dibu uma paixão por corridas de kart, herdando a paixão por carros do pai. Pepe, convencido pelo avô de Dibu, acaba inscrevendo o desenho (sobre o disfarce do irmão Leo) numa competição de kart (usando o dinheiro da pensão do ex de Marce), na qual seu principal rival é o bully Fernando (sacanagem, o vilão do filme tinha que ser justamente meu xará), que já vivia atormentando Leo.
Já não bastando isso, surge mais um desenho animado na vida de Marce: a bebêzinha Buji (ou Buguy, na dublagem dos dois primeiros filmes; e sim, o nome também vem de 'dibujo'). A bebê mal é apresentada à família e acaba desaparecendo, enquanto Caro estava tendo um encontro com um jovem que tinha conhecido na viagem.
A competição de kart e a procura por Buji, que, em certo momento da aventura, mesmo sendo resgatada pelo garoto Diego, acaba parando nas mãos do vilão do filme, guiam o decorrer da história, cruzando os caminhos dos personagens.

Com o êxito do filme, Buji acaba sendo incluída também no seriado, que durou até 1998, dando lugar à um spin-off, com um elenco diferente. É neste contexto que é lançado o segundo filme, também sem o elenco do seriado e do primeiro filme (com a óbvia exceção dos irmãos animados).



Neste filme, o vilão é Nasty, um desenho animado do mal que retorna com dois propósitos: roubar toneladas de caramelos que o possibilitam mudar de forma (o filme começa de cara com ele disfarçado de Dibu, assaltando à um banco), escondendo sua forma real de monstro; e sequestrar Buji, neta do Desenho Ancião, que o levou à cadeia seis anos antes.



Buji se esconde na casa da garota Jimena, mas acaba sendo encontrada por Nasty durante a história. Cabe a Dibu deter Nasty, com a ajuda de dois marionetes em tamanho real: um pirata e uma cigana.

Este filme possui uma essência bem mais Roger Rabbit que o primeiro, com um vilão-desenho com capangas ratos, e que possuia algo pra "apagar" seus semelhantes (se no blockbuster de 1988 era um caldo, aqui é uma caixa de borrachas famintas).


O spin-off da série acabou no mesmo ano em que começou. Mas, 4 anos depois, Dibu já estava de volta (e desta vez com o elenco da série original e do primeiro filme), em uma viagem ao espaço.
Misturando animação 2D, 3D e atores reais, neste filme, o garoto animado conhece o filho de um cientista num bate-papo virtual, e acaba embarcando em uma viagem para Marte, com o intuito de negociar a salvação da Terra com os habitantes de lá.
Infelizmente não cheguei a assistir este filme, então não posso explicar com detalhes.



A última vez que os três filmes chegaram a ser exibidos na TV brasileira foi no Telecine, em 2016. Desde então, os filmes dublados, que por um tempo se encontravam pra download no saudoso site Minhateca, acabaram se perdendo... parcialmente.
O primeiro filme encontra-se disponível no YouTube, podendo ser visto abaixo. E os dois primeiros filmes, sabendo procurar no Google ou até mesmo neste post do blog, podem ser encontrados.
Falta apenas o terceiro... (quem o tiver e puder me passar, meu e-mail tá na parte direita do blog, aceito tanto compra quanto troca.)

Tenho outras três memórias marcantes com filmes que conheci por meio do SBT: O clássico Você Já Foi à Bahia, também exibido em um 08 de outubro, só que em 2002; a desconfortável experiência de ter aprendido uma saraivada de palavrões (a qual já era advertida na chamada, que eu não levei a sério) ao assistir South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes, em 2004 (sorte minha que eu estava assistindo sozinho a este filme), e o antológico Moonwalker, exibido em homenagem a Michael Jackson (QUE É INOCENTE, LEAVING NEVERLAND É UMA FARSA) em duas ocasiões no ano de 2009 (e por alguns anos seguintes, até pelo menos 2014, sempre na semana do dia 25 de junho). Mas estas são histórias para outra hora.

Obrigado a todos pela leitura e até breve!