sábado, 4 de agosto de 2018

As atrações do Fantástico em 1973

Hoje, dia 05 de agosto, o Show da Vida completa 45 anos, com direito a uma edição especial comemorativa (a qual, provavelmente, terá no máximo 2 minutos de imagens de arquivo) e uma nova abertura (sem a magia hansdonnerista de outrora).

Olhe bem, preste atenção...

Para comemorar a efeméride, nada melhor que trazermos até aqui as atrações de Fantástico, o Show da Vida em seu ano-um, 1973. A fonte, desta vez, é o Diário de Pernambuco, também via Hemeroteca Digital Brasileira.
Textos redigidos conforme escritos no original, portanto, há erros de escrita.


05/08/1973 - A TV Globo lança, hoje, este programa, apresentado por Cid Moreira e Sérgio Chapellein (do "Jornal Nacional"), com a participação - alternada - de Chico Anísio, Marília Pêra, Sandra Bréa, Cidinha Campos, Antônio Marcos e Vanusa.

12/08/1973 - Finalmente hoje, estréia este novo programa da linha de shows da Tv Globo, com duas horas de duração. "Fantástico, o Show da Vida" destaca, essencialmente, jornalismo e o show. Hoje, Cidinha Campos nos Estados Unidos, mostra seres humanos congelados à espera da oportunidade de voltar a viver, e visita, em Los Angeles, Sérgio Mendes. Um depoimento de Marília Péra, a reconstituição dos mais significativos momentos da vida de Marylin Monroe, a apresentação de músicas profanas das igrejas, com Antônio Marcos e Vanusa e o noticiário de domingo - completam o programa. Com Cid Moreira, Sérgio Chapellein, Chico Anísio, e Sandra Bréa.

19/08/1973 - Hoje, Cidinha Campos, nos Estados Unidos, mostra omo se pode obter a visão através da eletrônica. Ibrahim Sued entrevista o médico Jorge Resende sobre o programa da esterílidade, e aborda assuntos como o parto, a gravidez e o nascimento. Em música, "Fantástico" apresenta hoje uma pesquisa sobre o surgimento dos Beatles e sua consagração. O telefone também é assunto hoje. Maria Alcina canta "Alô, Alô" e Djalma Dias interpreta "Pelo Telefone", primeiro samba gravado no Brasil. Com Sérgio Chapellein, Cid Moreira, Chico Anísio, Sandra Bréa, entre outros.

26/08/1973 - Hoje, em "Fantástico", os reis internacionais do trapézio, a "Spill Band", a volta dos bonecos músicos de Bremmen, uma entrevista de Ibrahim Sued com Jorginho Guinie, a loteria esportiva, os destaques do dia, com Cid Moreira e Sérgio Chapellin, o humor de Chico Anísio e Raul Solnado.

02/09/1973 - Hoje, Cidinha Campos, diretamente dos Estados Unidos, entrevista a Dra. Aslan, médica que operou e, na opinião da Globo, "tornou quinze anos mais jovens" Juan Peron, Marlene Dietrich, Kirk Douglas, entre outros. E mais: Marília Pêra e o "Último Tango", Chico Anísio com suas piadas, a loteria esportiva, o noticiário do dia, com Cid Moreira e Sérgio Chapellin e Rovald, equilibrista francês.

09/09/1973 - Hoje, Cidinha Campos, em reportagem no Museu do Vaticano, mostra a múmia de uma mulher grávida. Com a participação de Miéle, José Augusto Branco e Sandra Bréa, "Fantástico" relembra Greta Barbo. O mímico inglês Soungers, uma homenagem ao primeiro aniversário da morte de Dalva de Oliveira, uma entrevista com o grupo "Os Novos Baianos", a conversa de Ibrahim Sued (...) com Marta Rocha, os resultados da loteria, os gols do Campeonato Nacional, e as piadas de Chico Anísio completam o programa.

16/09/1973 - Hoje, o ballet de Jean Carlos Berardi representa personagens de histórias em quadrinhos, como Popeye e a Família Marvel. Antonio Carlos e Vanusa cantam canções do Ceará; Taiguara dá o recado; Ibrahim Sued entrevista Tereza de Souza Campos; o conjunto "Secos e Molhados" mostra seu surrealismo e Cidinha Campos, direto de Londres, mostra a casa de Sherlock Holmes. Além disso, Cid Moreira e Sérgio Chapellin dão as notícias do dia e Chico Anísio conta suas piadas.

23/09/1973 - Homenagem a Pixinguinha com Cláudia interpretando a composição "Lamento" que tem letra de Vinícius, Sandra Bréa e José Augusto Branco reviverão os maiores sucessos de Maurice Chevalier. Atração internacional - Tony Bennet. Vanderlei Cardoso estará revivendo a época das valsas. Erasmo Carlos e Juan Carlo Berardi mostrarão a sua "Cachaça Mecânica". Ivan Lins e Ibrahim Sued entrevistarão uma artista paulista. Chico Anísio dará seu recado com seu amigo "Azambuja". Por fim a presença da Zebinha e as notícias do dia.

30/09/1973 - Cidinha Campos estará entrevistando a primeira mulher candidata a presidente da República, Flor Rojas Pinilha, da Colômbia. Marília Pêra com um texto de Nelson Mota baseado num trabalho de Albert Camus e músicas de Chico Buarque. Ibrahim Sued, Elza Soares, Jorge Ben e Cid Moreira são algumas das outras figuras presentes. A direção é de Augusto Cesar Vanucci e Maurício Sherman.

07/10/1973 - Noel Rosa, a Vila do seu tempo e a Vila Babel de Hoje, com Wanderley Cardoso. O pistonista Formiga e uma reportagem especial. O famoso artista de circo Mark Wilson, Igebi, os gêmeos do Candomblé, Cosme e Damião, com ballet Ilustrativo. Ibrahil Sued entrevista, Marília canta, Chan-Cnace come tudo, e Cidinha comanda dos Estados Unidos entrevista dr. Delgado, acerca de controle remoto das reações de macacos e gatos.

14/10/1973 - Hoje, com a participação de Glória Meneses, Cláudia, Tim Maia, Raul Seixas, Wilson Simonal, Sandra Bréa, ballet de Carlos Berardi. De Nova York, o repórter Hélio Costa mostra como um paralítico pode escrever com o rosto e Cidinha Campos entrevista os Hare-krisna, seguidores de uma seita oriental. O mágico Mark Wilson e o conjunto Bee Gees são os nomes internacionais. Além disso, as notícias do dia, os gols do Campeonato Nacional, a loteria esportiva.

21/10/1973 - Carlos Leite homenageia Carlitos e Pituca e Milton Carneiro, o Gordo e o Magro, num tributo a Lumiere, inventor do cinematógrafo. Eliana Pittman e o ballet de Juan Carlos Berardi revivem os sucesso de Al Johnson, o Quinteto ternura relembra o 14-Bis e Santos Dumont e Baden Poweel executa ao violão, obras de Bach. De Los Angeles, Cidinha Campos mostra um robô utilizado por estudantes, com capacidade de respirar, pulsar o coração, piscar os olhos e até morrer.

28/10/1973 - Hoje, um retrospecto da música nas últimas cinco décadas, com a participação de Ed Maciel e sua Banda (homenagem á época das bandas, 1934), David Gordon (a música romântica, 1944), The Golden Boys (aos Beatles, 1964). Marília Pera e Juca de Oliveira interpretam poemas de Drummond, Cidinha entrevista uma japonesa especializada em acumpultura. Afora isso, o resultado da loteria, as notícias do dia, reportagens especiais.

04/11/1973 - Hoje, "pela primeira vez na televisão", segundo a Tv Globo, O "Moto Perpétuo", de Paganini, com 50 violinos. Antônio Marcos, Vanusa e Miriam Muller, revivem sucessos da Broadway. Marília Pera fala sobre dietas alimentares. Mark Wilson e filho apresentam números de mágica. Nora Ney recorda sucessos de Antônio Maria. Madame Satã conta sua época na Lapa. Nos EUA, Cidinha entrevista um astrônomo do observatório Monte Palomar sobre o cometa Kchoutek, que em dezembro cobrirá o sol e somente reaparecerá daqui a cinco mil anos. Afora isso, entrevistas, com Ibrahim Sued; humor, com Chico Anísio; as notícias do dia, os resultados da Loteria Esportiva.

Nos dias 11, 18 e 25/11/1973, foi utilizado o seguinte texto genérico no jornal: "Em video tape ou ao vivo, música, reportagens, entrevistas, coberturas internacionais, com Cidinha Campos, o noticiário do dia, os resultados da Loteria Esportiva, humor e informação."

02/12/1973 - Marília Pera lembra Joana D'Arc; Gilberto Gil canta suas músicas; Sá Guarabira e o Grupo "O Terço" lembram a época de Zepellin; Vanusa e Antônio Marcos encenam um quadro do musical "Hair"; Stevie Wonder se apresenta direto de Los Angeles; Chico Anísio conta histórias e Cidinha Campos entrevista a Menininha do Gantois. Os resultados da loteria, música e as notícias do dia completas o programa dehoje.

Nos dias 09 e 16/12/1973, foi utilizado o seguinte texto genérico no jornal: "Sempre um contato humano enfocando a própria vida em seus múltiplos aspectos. Apresentação de artistas numa festa de confraternização."

23/12/1973 - Carlos Gardel e seus tangos, Maria Fernanda e Cláudia, numa homenagem a Cecília Meireles. Enid Suaer e seu ballet moderno. Cidinha Campos entrevista Mané Garrincha, em sua despedida do futebol. Ibrahim Sued e o multimilionário da Loteria Esportiva. A decisão sobre a vida e a morte. Chico Anísio e a Zebrinha, além dos gols do Campeonato Nacional.

30/12/1973 - A cantora e compositora Tuca, a cantora norte-americana Spanky Wilson e Edy Star estarão neste "Fantástico, o Show da Vida", além de Carl Anderson, Marília Pera e Antônio Marcos. Na Casa de Rui Barbosa, o Quinteto Villa-Lobos. Uma exibição do Coral de Abelardo Guimarães. Chico Anísio e mais uma do Azambuja e Cidinha Campos, numa reportagem sobre surdo-mudos, além de Sérgio Chapellin e Cid Moreira, com os assuntos do dia.

terça-feira, 8 de maio de 2018

[COLABORAÇÃO] As Consequências da Nostalgia (por Êgon Bonfim)


Pela primeira vez, uma participação especial no blog. Eis a opinião de Êgon Bonfim sobre as atitudes tomadas pelo Viva nestes últimos tempos.
Caso queiram colaborar com o blog do tevê, o e-mail do canal está na Sidebar à direita.

"Peço licença aos seguidores deste blog para que eu possa expressar os meus sentimentos de acordo com o perfil de público que acompanha as postagens do Tevê With Lasers. Pois bem, como o autor deste blog é um notável "nostalgista" assumido e eu tenho um gosto bem apurado pela história da TV brasileira (adoro pesquisar tudo que é correlato a este fascinante veículo em acervos online), ficamos decepcionados quando surgiram as críticas sobre o Canal Viva que estava começando a "mutilar" as reprises de algumas novelas.
Quando surgiu em 2010, o Canal Viva veio como uma verdadeira alternativa da TV por assinatura para que o público pudesse relembrar os programas antigos da Globo, principalmente novelas, a partir dos anos 80. Assim que eu o assisti pela primeira vez, na casa do meu avô, foi amor à primeira vista. Pude ver, por exemplo, capítulo de Vale Tudo e Top Model, um episódio de Armação Ilimitada e até o último capítulo de Roque Santeiro. Assim que pude ter uma TV por assinatura em 2012, o Viva passou a ser campeão de audiência aqui em casa. Passei a ver Globo de Ouro, Viva o Gordo, Cassino do Chacrinha, Chico City, TV Pirata, as novelas Mulheres de Areia e Dancin' Days (minha mãe chegou a ver Fera Radical e Pai Herói) e mais recentemente Os Trapalhões. Valia a pena até curtir nos tapa-buracos da programação alguns quadros do Fantástico como Cilada, O Super Sincero e Papo Irado. Era também a oportunidade de a gente acompanhar direito e de cabo a rabo minisséries "recentes" como JK, Dercy de Verdade, Dalva & Herivelto e Presença de Anita (ai, ai, esta duas vezes).
A implicância dos telespectadores tem fundamento e se deve ao fato do canal pago não explorar o acervo Global da maneira mais coerente possível, até porque a proposta inicial do Viva era levar ao público a recordação afetiva dos programas de antigamente, gerando aquela nostalgia saudável. Muita gente gostaria de ver, por exemplo, a novela Guerra dos Sexos e eu por exemplo, tenho a curiosidade de assistir Selva de Pedra (a segunda versão, já que a primeira esteve disponível em um box de DVDs da Globo Marcas). Porém, com a popularização desenfreada da TV por assinatura e da inclusão digital (numa velocidade onde parece ninguém dar conta disso), a ponto de smart-phones se converterem em brinquedinhos de luxo, o Viva parece ter se submetido ao "efeito camaleão" para massagear o ego de uma turminha folgada que quer tudo de mão beijada, transformando-se num autêntico "museu de grandes novidades" (obrigado Cazuza). O que era para ser só saudade acabou virando "coisa nova saindo do forno" para satisfazer um público que se recusa a crescer mentalmente, a ponto de transformar em memes cenas históricas da teledramaturgia brasileira, levando o Viva a trair seu conceito inicial.
With Lasers falando aqui: 'Comemorar em junho
uma novela que completa 30 anos em maio? Tá "serto", Viva'
Fãs mais ortodoxos vêm reclamando das notas "pega-trouxa" que circulam na internet como, recentemente, que o Viva teria anunciado as reprises de Roda de Fogo e Brega & Chique. Fiquei com um pé atrás, pois modificações de última hora já tinham acontecido anteriormente. E aconteceu. Foram substituídos pela segunda reprise de Vale Tudo e uma reprise inédita de A Indomada, para alegria da geração "pão com Nutella", obcecada por hashtags, que tão anunciando por aí que "o cadeirudo vem aí", "cuidado com o cadeirudo", etc. Agora, foi um sacrilégio a reprise da novela Bebê a Bordo (a ponto de não aproveitarem O Beco, dos Paralamas do Sucesso, que era o tema de "assinatura" da novela porque nas chamadas da época sempre tocava essa música, pois até hoje todo mundo lembra da trama ao ouvir o antológico arranjo dos metais de O Beco) ter que passar por cortes e edição à la Vale a Pena Ver de Novo, mas na TV por assinatura, qualquer programa com qualquer restrição de idade pode ser colocada ao ar em qualquer horário, mas na TV aberta depende do "bom senso" (escasso, diga-se de passagem) dos diretores das emissoras.
Como amante da televisão e defensor da preservação de sua história, terei de aderir ao boicote ao Viva, infelizmente, com dor no coração. Até me "desinscrevi" em seu canal oficial no YouTube. Gosto muito do Viva, mas se as coisas continuarem assim como estão, desde essa mudança no visual gráfico (lembrando uma embalagem do sabão em pó homônimo dos anos 60), o boicote tende a virar divórcio na próxima década. Um canal de TV não pode continuar dando pilha a um fã-clube mimado e que o leva a trair seus ideais. Já basta a exibição da Nova Escolinha do Professor Raimundo transmitir em tempo real as "twittadas" do público. Nostalgia não pode se converter em "Festival Digital do Ridículo".
Enquanto isso, ainda não surgiu um concorrente a altura nesse segmento. O mais próximo de conseguir a façanha de "quebrar monopólio" é o SBT. Se renegociar o acordo com a Televisa e trazer de volta ao Brasil o canal pago TLN mesclando seu conteúdo histórico e mexicano (obedecendo as normas da Ancine), vai ser um sucesso absoluto, até porque como o SBT é integrante daquela firma chamada Simba, que exige pagamento do sinal das redes abertas integrantes pelas operadoras, mediante a adoção de formatos digitais, essa dor de cabeça seria amenizada. Mas por outro lado, o bedelho das filhotinhas do Abravanel seria levado em conta na escolha dos conteúdos nacionais como somente programa de auditório do Silvio e da Hebe, humorísticos com Golias e "Seu Cazalbér", os infantis com Bozo e Mara e olhe lá, deixando para escanteio algumas boas novelas e outros bons programas produzidos ao longos dos anos (pois o arquivo do SBT é excelente em matéria de "mofo", mas ainda existe aquela birra pelos "traidores", vide Gugu Liberato e Chaves, que erroneamente irá para o ar em breve no "rival" Multishow). E não tá adiantando nada a propaganda de graça que seu proprietário vem fazendo do Netflix toda semana (falando nisso, os serviços on-demand do Grupo Globo foram as melhores coisas que surgiram na internet para permitir a democratização da forma de como a gente vê um programa de TV), pois seu público tem ainda mentalidade dos anos 90 alegando que TV a cabo é caro demais e que isso representa uma "ameaça" para o SBT perder sua "posição de vice-líder", preferindo aplaudir de pé esse Quem Não Viu, Vai Ver, uma autêntica piece-de-resistànce da anti-digitalização da TV brasileira. E como se o Programa Silvio Santos continuasse até hoje sendo exibido em preto-e-branco.
Infelizmente num país como o nosso, a nostalgia tem suas cruéis e traumáticas consequências, abrindo esses precedentes que acabei de citar, satisfazendo fã-clubes e interesses de bastidores. Mas ainda bem que existe o YouTube que democratizou a forma de assistir vídeos na internet como também permitiu o acesso do grande público a memória da televisão, mesmo que seja um prosaico intervalo comercial, uma verdadeira aula prática às novas gerações de como fazer uma TV de verdade. Mas o portal ainda não reconheceu a nossa classe, permitindo essa política cruel de perseguir canais por meio da violação de direitos autorais seja numa música ou num trecho de imagem. Quem sabe se nós, YouTubers segmentados, possamos iniciar uma campanha pelo reconhecimento do maior portal de vídeos do mundo a nossa classe, dos resgatadores de conteúdo histórico da TV, não só do Brasil, mas de várias partes do mundo também. Dessa forma, as consequências da nostalgia não seriam assim tão terríveis e apocalípticas."
               - Êgon Bonfim